A tenodese é um procedimento cirúrgico ortopédico que envolve a fixação ou a reanexação de um tendão a um osso (ou, em alguns casos, a outro tendão ou tecido mole). O objetivo principal é estabilizar uma articulação, restaurar a função ou aliviar a dor causada por um tendão danificado, instável ou rompido.
A palavra "tenodese" é derivada do grego "tenon" (tendão) e "desis" (ligação ou fixação.
Aqui está uma imagem que ilustra o procedimento de tenodese.
Esta ilustração médica detalha o procedimento cirúrgico de tenodese, mostrando a reinserção ou estabilização de um tendão ao osso.
Onde a Tenodese é Mais Comum?
Embora o conceito de tenodese possa ser aplicado a diferentes tendões no corpo, ela é mais frequentemente associada ao tratamento de problemas no tendão do bíceps no ombro.
Tenodese do Bíceps
É o tipo mais comum de tenodese. O tendão do bíceps, especificamente a cabeça longa do bíceps, é uma causa frequente de dor no ombro devido a inflamação (tendinite), degeneração ou rupturas. Este tendão se fixa na parte superior da glenoide (cavidade do ombro).
Quando é indicada a tenodese do bíceps?
A tenodese do bíceps é geralmente considerada quando o paciente apresenta:
Dor crônica no ombro que não melhora com tratamentos conservadores (fisioterapia, anti-inflamatórios, injeções).
Tendinite ou degeneração significativa do tendão da cabeça longa do bíceps.
Ruptura do tendão da cabeça longa do bíceps, especialmente em pacientes mais jovens ou ativos que desejam manter a função e a estética do braço (evitar a "deformidade do Popeye", onde o músculo bíceps se retrai e forma uma protuberância).
Lesões SLAP (lesão do labrum superior anterior a posterior), que afetam a inserção do bíceps no labrum do ombro.
Instabilidade do bíceps associada a lesões do manguito rotador.
Como é realizada a tenodese do bíceps?
O procedimento envolve:
Desprendimento: O cirurgião libera o tendão da cabeça longa do bíceps de sua inserção original no labrum do ombro.
Reposição e Fixação: O tendão é então reposicionado e fixado em um novo local, geralmente no osso do braço (úmero). A fixação pode ser feita com parafusos especiais, âncoras de sutura ou outros dispositivos, dentro de um sulco no úmero.
A tenodese pode ser realizada por artroscopia (minimamente invasiva, com pequenas incisões e uso de câmera) ou por cirurgia aberta, dependendo da complexidade do caso e das preferências do cirurgião.
Tenodese vs. Tenotomia
É importante distinguir a tenodese de um procedimento relacionado, a tenotomia:
Tenodese: O tendão é cortado e reanexado a um novo local, mantendo alguma tensão no músculo e geralmente preservando a estética do bíceps.
Tenotomia: O tendão é cortado e liberado, permitindo que ele se retraia para dentro do braço. É um procedimento mais simples e rápido, mas pode resultar na "deformidade do Popeye" (uma mudança no contorno do bíceps) e, em alguns casos, cãibras musculares. A escolha entre tenodese e tenotomia depende de fatores como a idade do paciente, nível de atividade, preferência pessoal e condição do tendão.
Outros Exemplos de Tenodese
Embora menos comuns do que a tenodese do bíceps, o princípio da tenodese pode ser aplicado em outras áreas:
Tenodese do tendão de Aquiles: Em alguns casos de lesão grave ou degeneração do tendão de Aquiles, pode-se usar um tendão adjacente para reforçar ou substituir parte do tendão danificado, fixando-o para restaurar a função.
Tenodese para instabilidades articulares: Em algumas articulações, a tenodese pode ser usada para estabilizar ligamentos danificados, utilizando tendões adjacentes para criar uma nova estrutura de suporte.
Recuperação da Tenodese
A recuperação após uma tenodese (especialmente a do bíceps) geralmente segue um protocolo de reabilitação estruturado, que pode durar de 3 a 6 meses ou até um ano para recuperação total.
Fases da Recuperação:
Fase Imediata (0-4 semanas):
Imobilização: O braço geralmente fica em uma tipoia para proteger a reparação e promover a cicatrização inicial.
Controle da Dor e Inchaço: Uso de analgésicos e aplicação de gelo.
Fisioterapia Passiva: Movimentos gentis e passivos do ombro e cotovelo, realizados pelo terapeuta, para evitar rigidez.
Fase Intermediária (4-12 semanas):
Retirada Gradual da Tipoia: Conforme a cicatrização avança.
Fisioterapia Ativa Assistida e Ativa: O paciente começa a realizar movimentos ativos, mas com restrições.
Início do Fortalecimento Leve: Exercícios isométricos e de baixa carga para músculos do ombro e escápula.
Fase Avançada (12-20+ semanas):
Fortalecimento Progressivo: Aumento da intensidade e carga dos exercícios, visando reconstruir a força muscular.
Exercícios Funcionais: Atividades que simulam movimentos do dia a dia e específicos do esporte ou trabalho.
Retorno Gradual às Atividades: Atividades mais exigentes e esportes são reintroduzidos sob orientação profissional.
É crucial seguir rigorosamente as instruções do cirurgião e do fisioterapeuta para garantir uma recuperação bem-sucedida e minimizar o risco de complicações.
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