Mini exame do estado mental

 


Mini Exame do Estado Mental (MEEM): Uma Ferramenta de Rastreio Cognitivo

O Mini Exame do Estado Mental (MEEM), frequentemente chamado pela sigla em inglês MMSE (Mini-Mental State Examination), é uma das ferramentas de rastreio cognitivo mais utilizadas globalmente. Desenvolvido por Folstein, Folstein e McHugh em 1975, ele serve como um instrumento rápido e padronizado para avaliar diversas funções cognitivas e detectar possíveis déficits, auxiliando no diagnóstico de condições como demências (doença de Alzheimer, demência vascular, entre outras) e outras causas de declínio cognitivo.

É importante ressaltar que o MEEM é uma ferramenta de rastreio, e não um diagnóstico definitivo. Uma pontuação baixa no MEEM indica a necessidade de uma avaliação neuropsicológica mais aprofundada para confirmar um diagnóstico e determinar a causa do declínio cognitivo.


Quais Funções Cognitivas o MEEM Avalia?

O MEEM é composto por uma série de perguntas e tarefas simples que avaliam as seguintes áreas cognitivas:

  1. Orientação Temporal (5 pontos): Avalia a capacidade do indivíduo de se situar no tempo.

    • Perguntas: Que ano é este? Que estação do ano? Que dia do mês? Que dia da semana? Que mês?

  2. Orientação Espacial (5 pontos): Avalia a capacidade do indivíduo de se situar no espaço.

    • Perguntas: Onde estamos? Que estado? Que cidade? Que bairro/endereço? Que andar/local específico?

  3. Registro/Memória Imediata (3 pontos): Avalia a capacidade de reter novas informações.

    • Tarefa: Dizer três palavras não relacionadas (ex: "mesa", "chave", "flor") e pedir para o paciente repeti-las imediatamente.

  4. Atenção e Cálculo (5 pontos): Avalia a atenção sustentada, a capacidade de concentração e de realizar operações mentais simples.

    • Tarefa: Pedir para o paciente subtrair 7 de 100 repetidamente por cinco vezes (100-7=93, 93-7=86, etc.). Alternativamente, soletrar uma palavra de trás para frente (ex: "MUNDO" ao contrário).

  5. Memória de Evocação/Lembrança (3 pontos): Avalia a capacidade de recuperar informações previamente registradas.

    • Tarefa: Pedir para o paciente repetir as três palavras ditas na seção de registro.

  6. Linguagem (8 pontos): Avalia a capacidade de nomear objetos, seguir instruções e compreender e reproduzir a linguagem.

    • Tarefas:

      • Nomear dois objetos (ex: relógio, caneta) - 2 pontos.

      • Repetir uma frase simples (ex: "Nem sim, nem não, nem mas") - 1 ponto.

      • Realizar um comando de três etapas (ex: "Pegue este papel com sua mão direita, dobre-o ao meio e coloque-o no chão") - 3 pontos.

      • Ler e executar uma instrução (ex: "Feche os olhos") - 1 ponto.

      • Escrever uma frase completa com sentido - 1 ponto.

  7. Habilidade Visuoconstrutiva (1 ponto): Avalia a capacidade de copiar uma figura geométrica.

    • Tarefa: Copiar dois pentágonos que se intersectam, formando uma figura de 10 lados.


Pontuação e Interpretação

A pontuação total do MEEM varia de 0 a 30 pontos. Quanto maior a pontuação, melhor o desempenho cognitivo.

O ponto de corte para indicar possível comprometimento cognitivo pode variar ligeiramente dependendo do nível de escolaridade do indivíduo, pois a escolaridade influencia diretamente o desempenho em algumas tarefas do teste (especialmente as de linguagem e cálculo). No entanto, um corte geral comumente utilizado é:

  • 24 pontos ou menos: Sugere a presença de declínio cognitivo e indica a necessidade de uma avaliação mais aprofundada.

Pontuações de corte comuns ajustadas à escolaridade (exemplo):

  • Analfabetos: < 18 pontos

  • 1 a 4 anos de estudo: < 21 pontos

  • 5 a 8 anos de estudo: < 24 pontos

  • 9 a 11 anos de estudo: < 26 pontos

  • 12 anos ou mais de estudo: < 27-28 pontos


Importância e Usos do MEEM

  • Rastreio Rápido: Permite identificar rapidamente indivíduos que podem estar sofrendo de declínio cognitivo em ambientes clínicos.

  • Monitoramento: Pode ser usado para monitorar a progressão do declínio cognitivo ao longo do tempo ou a resposta a tratamentos.

  • Triagem: Auxilia na triagem de pacientes para encaminhamento a especialistas (neurologistas, geriatras, neuropsicólogos) para avaliação diagnóstica mais completa.

  • Base para Avaliações Futuras: Os resultados do MEEM podem direcionar quais áreas cognitivas precisam de uma investigação mais detalhada.


Limitações do MEEM

Apesar de sua ampla utilização, o MEEM possui algumas limitações:

  • Não é Diagnóstico: Não diagnostica demência ou suas causas. Apenas indica a necessidade de investigação.

  • Influência da Escolaridade: Pessoas com baixa escolaridade podem ter pontuações mais baixas mesmo sem declínio cognitivo, enquanto pessoas com alta escolaridade podem mascarar déficits leves.

  • Fatores Culturais: Algumas perguntas podem não ser culturalmente apropriadas em todas as populaças.

  • Não Diferencia Tipos de Demência: Não consegue distinguir entre diferentes tipos de demência.

  • Sensibilidade e Especificidade: Pode não ser sensível o suficiente para detectar déficits cognitivos muito leves e pode ser influenciado por estados de humor (depressão, ansiedade) ou outras condições clínicas.

Portanto, o MEEM é uma ferramenta valiosa no contexto clínico quando usada corretamente, como parte de uma avaliação mais abrangente que inclui histórico médico completo, exame neurológico e, se necessário, exames de imagem e laboratoriais.

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